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Cachoeira & a inversão do mundo nasce da caminhada, escuta sensível & o deixar-se tocar por uma cidade que, literalmente, jorra. cada detalhe seu vibra uma história e, foi cachoeirando, batendo perna pelas ruas, suando, sorrindo, sonhando, que Maíra Vale foi escrevendo as narrativas desse livro.
tudo se deu em meio à sua pesquisa de campo, do doutoramento em antropologia social pela universidade de Campinas, entre 2015 e 2018, em Cachoeira – BA. a autora assume a leveza e força de sua escrita, numa proposta de produzir para além de uma tese de doutorado. frutifica esse texto que reúne fragmentos afetivos da cidade, suas memórias, sua gente, suas falas tal como se dão no ato das conversas. Maíra é ouvido atento e mãos ligeiras, anotando em seu caderninho – foi assim que foi pinçando e alinhavando o enredo das dezesseis narrativas do seu livro de estreia.
Cachoeira é mundo que inverte, resiste e remanesce. Este livro é a tentativa de grafar caminhos que se encontraram e desencontraram nesta cidade-vida-bruta. São as águas do Paraguaçu em histórias. São as presenças das esquinas, pedras, pontes e encruzilhadas. São palavras contadas. Gritadas. Sussurradas. Cachoeira & a inversão do mundo é, antes de mais nada, um agradecimento ~ escreve a autora, na véspera do lançamento, em dezembro de 2019.
“Li num só fôlego o livro de Maíra. Ficou impossível parar depois de atravessar o portal de sua escrita.
Gostei demais do mundo que ela me apresentou, personagens que se misturam à magia do lugar, Cachoeira, que é, por si só, a maior das personagens. As histórias, o povo, o linguajar de um lugar muito bem apresentados e representados pela escrita apaixonada de Maíra. Sim, percebi esse livro como uma declaração de amor a Cachoeira e seus habitantes. Uma viagem pela religiosidade e crenças de um povo encantado. Encantamento, foi isso que senti durante a leitura, que me fez mergulhar em histórias e linguagem que remetem ao melhor do realismo mágico.
Confesso que, a princípio, senti falta de certa contextualização. Não conheço Cachoeira, por isso gostaria de saber mais sobre sua localização e outras características (acabei pesquisando no Google). Gostaria de saber como Maíra foi parar lá e por que, por quanto tempo. Tive de pesquisar a sigla UFRB, pois nunca tinha ouvido falar nessa universidade. Por isso, a título de modesta sugestão, acho que caberia uma introdução que ajudasse o leitor a saber um pouco mais sobre a cidade e a relação da autora com o lugar.
Por outro lado, penso que talvez a falta de contextualização tenha sido proposital, para que nós, leitores, pudéssemos entrar nessa aventura que é conhecer Cachoeira, seu povo e suas histórias, de cabeça, de uma vez, sem molhar os pés primeiro.
Parabenizo Maíra pelo belo trabalho de pesquisa e por ter disponibilizado seu talento de escritora para falar sobre a alma desse lugar.
Sinto-me honrada e feliz por ter sido apresentada a essa linda obra, não falo só do texto, mas também do formato, que bela edição!“
relato da Claudia Abreu da Costa Marins, que é formada em Letras e Jornalismo pela UnB e gosta de transitar, como curiosa, pelos becos da arte, da filosofia, da psicologia e do esoterismo. mãe de três filhos, avó de gêmeos, leitora atenta e rabiscadora de textos, é antes de tudo uma amante das humanidades.
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em resposta, Maíra lhe escreve:
Cláudia, muito obrigada pela leitura atenta, sensível e perspicaz do meu apaixonamento por Cachoeira. Você tem toda razão com relação à declaração de amor. Muitas pessoas me perguntaram como cheguei à Cachoeira ou porque a escolhi para fazer pesquisa de doutorado. Ao mesmo tempo, quem já bebeu a água de Cachoeira, certamente não tem dúvidas sobre essa escolha. Mas o lugar concentra também uma série de fatores que perpassa minha carreira como antropóloga. Para ficar com os mais abrangentes, relações raciais e espiritualidade. Morei por dois anos e meio na cidade, que contaminou minha escrita, minha forma de olhar para o conhecimento e construí-lo. Você também tem razão com relação à falta de contextualização. Esse livro é o terceiro capítulo da minha tese. Antes de chegar aí, tive que construir um argumento bem contextualizado e costurado para que essa grafia fosse aceita como uma tese em antropologia. O livro, por sua vez, foi inicialmente pensado como um retorno e agradecimento às pessoas da cidade que me abriram suas portas e cotidiano. Na busca de editoras para tal publicação, a ser num primeiro momento distribuída, houve um reencontro com uma das minhas amigas da cidade, a artista visual e agora editora e costureira de livros Deisiane Barbosa. Cachoeira & a inversão do mundo nasceu junto à andarilha edições em um lançamento em Cachoeira. Nesse momento, algumas das pessoas que aparecem no livro contaram suas histórias e minha amiga Duca, importante personagem, fez as apresentações – e também o prefácio do livro. Mas, acho que agora que ele tem ganhado outras terras, uma nova apresentação seja bem-vinda. Muito obrigada pelas suas palavras engajadas com as dali escritas e por essa resenha tão certeira do livro. Um grande abraço, Maíra.
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Maíra Vale é antropóloga e escritora. inquieta-se com o mundo. retém um pouco mais o olhar em escrita etnográfica, relações raciais, espiritualidade, colonialismo e mulheres. realizou pesquisa em KwaZulu-Natal, África do Sul, com mulheres rurais, e em Cachoeira, com narrativas da cidade sobre escravidão e espiritualidade afro-brasileira. também é integrante do instituto mulheres e economia @institutoimue
a aquisição dos nossos livros é feita diretamente com suas autoras e autores. escreva para maira@institutoimue.org e solicite seu exemplar de Cachoeira & a inversão do mundo.
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